E lá se vai a tarde anunciando
que a estréia será na sexta-feira. Amanhã! Amanhã?
Aqui, nas veias, as notas
desajustadas do coração não permitem que se ouça o som lá de fora. Batidas
fortes e a respiração acelerada agonizam o peito e enfrentam o teatro. Lá é
mais forte, e com outras notas, toma conta do palco da emoção que não sabe o
que esperar.
Sabe o que fazer e espera. Respira.
Ouve. Dedilha. Memoriza.
Veja você, nas sem razões dos
acordes, Lá menor, calores, suores e angústias enchem o palco em assimetria com
as vontades e anseios, na vontade, no sorriso nervoso e no tom de cada instrumento.
Amar o perdido deixam confundidas
as batidas, em Dó, Ré, Mi, Fá,Sol, Lá em Simetria.
A sétima, e um, dois, três, de
novo! Um... dois.. três! De novo...
Eu queria um sopro novo, mas
gritam as cordas da guitarra, do violão e do baixo. Bateria no palco, ensaio em
assimetria e os dedos receosos buscam
teclas, cordas, luzes, poemas, partituras... suores.
Quem é a Terça maior que não
apareceu? Não é Terça? Lá menor então? Quem?
Centenas de poltronas vazias seguem
apreensivas com as tentativas. A canção vem e vai, e em uma curva desliza na partitura
e escorrega pelo rio de acordes.
Gargalhadas e vamos lá...! A sétima... Um... dois...três...! Novamente ...
Um... dois...três... O rouco forte do baixo assusta o ar e um olhar espera o bemol do
piano. A bateria se cala e se abraça a Sol. A música enche o ar e nos acalma.
Parece que o Criador toma conta
das vozes, das mãos, das luzes e o ar se enche da melodia.
Chega a noite de mansinho. Hoje é
sexta-feira, dez de maio! A mão transpira
e a estréia se aconchega nas poltronas. “As coisas tangíveis tornam-se
insensíveis à palma da mão” e as cordas se entendem e expulsam do palco os
ruídos, e uma voz feminina, maviosa, penetra os ouvidos e encanta o teatro com “coisas
findas, muito mais que lindas, que ficarão”.
Os metais brilham, os tambores
gritam, as partituras apadrinham! As cordas vibram, as teclas dançam, os poemas
falam e as luzes observam boquiabertas, e “o coração em riso” e a banda em festa,
e nossa alma arrepiada de prazer e aventura “no mesmo tempo”, celebram em silêncio.
Centenas de poltronas, agora
de pé, gritam, sorriem e aplaudem. Ele e Ela, cravo e rosa, acordes e poesia em
harmonia.. “o vento diz ele é feliz, a sabiá sabia já! A lua só olhou pro
sol...” Dó, Ré, Mi, Fá, Sol, Lá... Simetria. E “isso é amor, e desse amor se
morre!...”
Zema
10/05/2013