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segunda-feira, 18 de março de 2013

FOGO!





Terreno baldio.
Restos de árvores humilhados.
Amontoados escorrem vida amputada.
Um cheiro de vida verde empilhada toma conta do ar. 
Galhos, folhas e flores:
bailarinos avulsados do vento,
companheiros do descanso de asas coloridas,
pouso dos raios da manhã.
São lenhas jogadas ao chão!

Fogo...!
Cascas vão se enrugando e se contorcendo ao assédio
e ao calor da chama que insiste em tomar-lhes a seiva,
que insiste em tomar-lhes a cor,
que devora as impressões escritas pelo tempo.
Fogo...! É um grito silencioso do que outrora fora um tronco viçoso,
fora galho parceiro do vento.
Lenho frondoso, agora arde vomitando espuma branca
enfumaçada que lacrimeja o chão.

Fogo...! Fogo...!
A chama vermelha com matizes amarelos toma os olhos.
Pouco se vê de madeira. Não há mais cascas.  Não há mais galhos.
Fogo! Toma conta do ar um espetáculo vermelho e ardente.
Fogo! O tronco contorcido geme os últimos estalos
antes de se entregar ao  clamor da chama que o envolve e devora.

Fogo...! Fogo...!
A noite ouve os estalos na claridade dos sonhos
do que foi vida, do que foi tronco, 
do que foi galho, do que foi pouso.
Fogo...! A noite sente histórias ardentes forjadas na chama
que parte rumo ao invisível.

Fogo..!  Fogo...!!
Terreno baldio.
O vento espalha restos de cinzas humilhadas. 


Dissolve amontoados que escorriam aroma de vida verde.


Fogo...! 
Espalha-se um cheiro 
de vida morta por todo o ar.
 

2 comentários:

  1. Moro do lado de um terreno baldio, que vez ou outra se torna vítima. Lá já nem existem mais troncos, apenas algumas plantas rasteiras que sobem ao céu em meio a muita fumaça.
    Tá mais realista, José. Isso é bom!

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