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domingo, 8 de janeiro de 2012

TEMPO DE HORTA


Um dia desses, retornando de um trabalho no meio rural, acompanhado de um colega de serviço, passamos em uma borracharia no centro da cidade, e enquanto aguardávamos o conserto do pneu, observamos um caminhão estacionado próximo de nós.


O que nos chamou a atenção, inicialmente, foi a cor do caminhão: um abóbora forte, com a pintura cheia de bolhas. O caminhão era desses Dodge, ou melhor, daqueles, pois não se vê um circulando por aí há muito tempo. Outra coisa que chamava nossa atenção eram os pneus, em estado deplorável, e a carga, no mínimo incomum, pois sua carroceria estava abarrotada de sacos de esterco de gado e portava uma placa onde se lia: VENDO ESTERCO DE BOI.


Com um amontoado de sacos no passeio, o dono da carga, portando um chapéu de couro surrado e um canivete na cintura, apoiava-se na lateral do caminhão com o olhar perdido, quando de repente um rapaz, tendo que passar entre os sacos amontoados na calçada, esbarrou em um dos sacos, perdeu o equilíbrio e saiu cambaleando e xingando enfurecido: _que bosta sô! não tinha outro lugar pra colocar essa merda não ô? e seguiu em frente, resmungando.


Ao lado do caminhão, parou um veículo e, de dentro, uma criança falou ao pai em voz alta: _olha pai um caminhão de bosta de boi! No que o pai a corrigiu imediatamente: _Filha! Não é bosta de boi, é esterco de gado.


O colega que me acompanhava, rindo da situação, disse: _Taí um negócio danado! Se a gente levar ao pé da letra, não é esterco de boi, é excremento bovino.   Quentinho ao pé da vaca, é cocô.
Pra usar na horta e ser vendido, é esterco de gado. Entrando no meio dos dedos (eca!!!), molinho lá no curral, é bosta de vaca. Pro poeta, à noite, sob o luar na fazenda, é a essência da vida no campo. O doutor chama de estrume. O naturalista, de adubo orgânico, e pra fazer a gente tropeçar na calçada: é merda mesmo!


Aproximamo-nos do caminhão, e antes de chegarmos, um guarda de trânsito abordou o motorista, dono dos sacos de bosta de boi (segundo a criança), e pediu documentos e mais uma porção de coisas. Os documentos até que estavam fáceis, mas uma porção de coisas estavam faltando.

Ao ver aquela situação o guarda destacou algumas multas para o proprietário do caminhão e ainda solicitou-lhe que retirasse o veículo daquele local, sob pena de ter que rebocá-lo, no que o motorista, de forma bastante irritada, disse: _Maldita hora que tirei esta merda deste caminhão do pátio e vim parar nesta bosta deste lugar!

O rapaz da borracharia, também comentou, em voz baixa: _Também, com uma bosta de um caminhão desses, vendendo bosta de boi na praça, só podia era dar merda mesmo!


Zema Honorato
21/03/02

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